Confiram essa recente entrevista que foi feita logo após o maravilhoso Festival de Filmes de Toronto onde Tom revela um pouco mais sobre Crimson Peak, High Rise, I Saw The Light e suas perspectivas sobre este ano que passou:
Fãs histéricos, geralmente prensados contra barras de ferro ao longo do tapete vermelho do Festival de Filmes de Toronto, tiveram uma grande porção de Benedict Cumberbatch para satisfazê-los. Felizmente para eles, outro arrojado britânico, que por acaso é o melhor amigo de Cumberbatch, também teve dois filmes estreando por aqui. (E ele fora anunciado como estrela de King Kong: Skull Island um dia antes desta entrevista). Primeiro veio o filme biográfico de Hank Williams, I Saw The Light, onde Hiddleston se aventura com sotaques sulistas, cantos tiroleses e dedilha seu caminho através dos grandes sucessos do músico de maneira tão convincente que, em minha sala, o público muitas vezes fez saltar aplausos ao final das canções. Logo depois, a estreia de High-Rise, uma adaptação cinematográfica do caótico romance de J.G. Ballard de 1975, dirigido por Bem Wheatley (Kill List, Sightseers), onde os residentes de um luxuoso e ultramoderno arranha-céu passam a ignorar as regras sociais e descendem a um libidinoso caos. Fico feliz em informar que ambos os filmes envolvem Hiddleston bastante nu e fazendo um sexo bastante sensual (com Elizabeth Olsen em I Saw The Light e Sienna Miller em High-Rise). Conseguimos bater um papo com ele em meio à loucura do festival para falar sobre orgias, a vilania dos quadrinhos e a importância de mostrar seu bumbum no novo filme de Guillermo Del Toro, Crimson Peak.
Então, High-Rise: Uau. Você já havia assistido ao filme antes da estreia?
Eu vi logo que ficou pronto, cerca de três semanas atrás. Quero dizer, eu sabia que ele iria passar esse tipo de experiência. Eu soube quando li o roteiro e soube novamente quando filmávamos que esse filme teria um elemento provocativo e brincalhão anexados a ele. O que você achou?
Foi insano. Eu ainda estou tentando processar. Amei como no painel, o diretor Ben Whitley disse que acharíamos o filme ou brilhante ou apelativo “depende de qual é nossa opinião sobre orgias”
Ha-ha. Exatamente.
E qual é a sua?
Minha opinião sobre orgias? Olha, se você gosta, quem sou eu para julgar? Eu acredito que Ballard [autor J.G. Ballard] sempre foi fascinado por extremidades, especialmente em High-Rise, e também com o que acontece aos seres humanos durante a mais física e psicologicamente extrema das situações – que, na verdade, a máscara da civilização é somente uma camada fina. Nós estamos apenas a algum argumento do caos, assassinato e o retorno à selva. Mas acho que ele era um pouco inflexível na questão de sempre levar isso até o fim. Ele nunca parava nos limites do bom gosto.
Para você ter noção, a fala inicial do romance é “Mais tarde, enquanto ele se sentava na varanda para comer o cachorro, Dr. Robert Laing refletiu sobre os eventos que aconteceram dentro do enorme prédio durante os últimos três meses.” Então você tem o personagem principal comendo um cachorro, imediatamente afastando a simpatia dos leitores e com isso dizendo “Sim, é nessa que você está entrando”.
Como foram as filmagens? Transformou-se em caos também?
Foi estranhamente bem contida, no bom sentido. Tinha que ser. Filmávamos de uma maneira bastante arquitetada, das 8 da manhã até às 6 da noite todos os dias, e era rigorosamente controlada. Nunca ultrapassamos esses horários porque Ben precisava guardar dinheiro para os efeitos visuais no exterior do prédio. Então foi um trabalho bem contínuo, para um ator. Nós chegávamos, virávamos loucos e então fazíamos as malas e voltávamos pra casa.
E também ficavam cobertos de pó e sangue.
Sim, para filmar foi muito divertido porque havia tantas partes onde tudo se resumia em dançar, perder a inibição e ser malicioso. Existia um ar de travessura em todo o set e foi da mesma forma com cenas no telhado, entende? Sabíamos que Laing e Royal jogavam squash, mas não fazíamos ideia de como aquilo seria filmado até passarmos um dia em uma quadra de squash, e eu amei aquela cena.
Vocês festejavam após as 6 da noite?
Não. [Risos] Nós tínhamos jantares bem tranquilos. Filmamos em uma cidade ao norte da Irlanda chamada Bangor, que fica muito perto do mar. Era uma bela cidade litorânea irlandesa, onde se come peixe, batatas e bolovo. Então nós tirávamos todos os resquícios de sangue, tinta, fuligem, poeira e íamos jantar sossegadamente, depois pra cama nos preparar para mais uma rodada no dia seguinte.
Entre as estreias de High-Rise, I Saw The Light e o trailer de Crimson Peak, eu já vi sua bunda três vezes nesses últimos dias.
Uau... Eu peço desculpas incondicionalmente.
Você tem alguma apreensão quanto a uma cena de nudez?
Nenhuma, em especial. Se for justificada para o andamento da estória, não tenho absolutamente nenhum problema com isso. Essa é meio que minha única condição, eu conseguir ver onde uma cena dessas se encaixa na estória. Na verdade, em Crimson Peak, eu mesmo opinei por aquela parte porque o filme fala sobre as energias semelhantes de sexualidade e violência. Um romance gótico trata-se de sexo e morte, e também há sempre uma subtonalidade, seja em Northanger Abbey ou Jane Eyre ou The Castle of Otranto. Uma estória desse tipo trata-se essencialmente da proximidade da morte e nosso temor perante ela, mas também o fato de que somos impelidos pelos nossos desejos em direção a situações, escolhas e pessoas. Guillermo, Mia e eu concordamos que aquela cena de sexo tinha de ser intensamente realizada.
O trailer é bastante sensual.
O filme é absolutamente lindo. É certamente o filme mais bonito que eu já participei. É um conto de fadas de horror, portanto tem uma extraordinária integridade no seu delinear. Assemelha-se muito a uma pintura e em cada quadro você mergulha no filme de maneira que talvez apenas Guillermo Del Toro é capaz de imaginar. E ele também possui uma excepcional sinceridade, o que é raro para nossa geração, já que hoje em dia existem muitas narrativas volúveis, algumas são bem precisas e sucedidas, outras talvez um pouco mais de alma e coração viriam a calhar. Eu amo que Guillermo tenha criado essa narrativa sobre uma jovem mulher que se apaixona por alguém, um homem, que tem um mistério e por trás do véu desse mistério existe uma enorme quantidade de segredos obscuros e ela acaba tendo que se salvar deles, é quase como uma fábula sobre sobrevivência, independência e a busca por quem você realmente é.
Você irá voltar para o universo Marvel como Loki em Thor 3, certo?
Eu não sei se vou. Não falo com ninguém da Marvel já fazem dois anos. Então, eu literalmente não sei, de verdade.
Você sentiu alguma inveja de vilão enquanto assistia Vingadores: A Era de Ultron? Ha-ha. Não, não. Eu estava bem.
Você não sente saudades?
Eu gostei do filme imensamente. Claro que gostei, e me fez ficar orgulhoso de todo aquele pessoal. Eles são todos velhos amigos agora. Porém, não, este ano que se passou foi bastante preenchido e interessante para mim. Eu fiz três filmes seguidos, Crimson Peak, High-Rise e I Saw The Light, tudo isso enquanto eles filmavam A Era de Ultron, então eu estava feliz. Estava ocupado.
Você cantou belissimamente em I Saw The Light. Houve momentos, enquanto você cantava as músicas de Hank Williams, que logo após do termino, a audiência explodiu em aplausos.
Eu fico tão feliz ao ouvir você me dizer isso. Aquele era o mais desafiador, mais difícil e mais prazeroso aspecto do filme para mim.
Tem havido alguns debates quanto ao fato de você não ser sulista, e nem americano. Como você lida com isso?
Bom, de certo modo faz parte da minha natureza querer provar que estão erradas as pessoas quando dizem que eu não posso fazer algo. Sempre fui assim. A única forma de explicar isso é pela minha perspectiva, que é como ator. Sempre fui atraído por um campo desconhecido. Eu gosto de pensar em mim mesmo como um aventureiro partindo em território estrangeiro e voltando com as minhas descobertas. O fato de eu não ser do sul ou americano e desprover de várias outras qualidades me fez ainda mais comprometido a honrar Hank Williams e seu legado. Todas essas adversidades me deram gás para fazer tudo certo.
Você conheceu a família?
Eu conheci Jett, a filha dele e também entrei em contato com Holly, a neta de Hank, que é uma musicista independente. Ela viu o filme e me escreveu uma carta daquele tipo que você guarda pra vida toda, o que era sem duvida tudo que eu precisava. Quero dizer, as pessoas conhecem Hank Williams e algumas de suas músicas; porém elas não sabem sobre as circunstâncias que cercaram sua vida. Mas eu posso lhe dizer – e falo sinceramente – foi um prazer muito grande fazer aquela música. O responsável pelo sucesso de Hank foi sua própria honestidade e autenticidade, e a razão pela qual ele virou uma estrela é graças às suas letras e voz que vinham do coração quando ele cantava sobre ser um mau marido e se sentir tão sozinho a ponto de chorar. Homens e mulheres sul americanos no começo da Segunda Guerra Mundial, estavam tipo, “Esse cara é bom de verdade. Ele tem uma voz marcante e está cantando sobre mim. Minha vida é bem parecida com isso.” Ele era uma grande inspiração para muitos artistas com toda sua coragem e sinceridade de dizer “Este é quem eu sou. Vou lançar isso para o público e espero que alguém possa se conectar”.
Você ainda canta?
Sim! Eu ainda tenho minha Gibson J-45. Às vezes viajo com ela. É meio viciante.
Fonte: Vulture
1 comentários:
Quanto a primeira pergunta...ele saiu pela tangente, não disse que gosta e nem que não gosta...Mas, a meu ver, dizendo que não julga ninguém, não significa que ele pratica orgias, mas o contrário, que não o faz, mas também não julga quem faça...Em minha humilde opinião, ele é romântico, é do tipo que faz amor e não apenas sexo.
Postar um comentário
Sua visita e seu comentário são muito importantes! Porém, não aceitaremos comentários ofensivos ou de mau gosto.