Bem Vindos ao Tom Hiddleston Brazil, o primeiro e mais completo fansite brasileiro dedicado ao ator Tom Hiddleston, mais conhecido por seu papel como Loki nos filmes Thor e Os Vingadores. Aqui você encontra as últimas notícias, entrevistas, fotos e vídeos sobre o ator. Obrigada pela visita, voltem sempre! -
Equipe THBR

terça-feira, janeiro 29, 2013


Diário do Tom: Dia 3 - 1ª parte

5
Hey, people! Eis aqui a primeira parte da nossa tradução do Diário do Tom - Dia 3. (Comentário rápido: Esse Hiddles escreve demaaaaaais. EHEHEHEHE)

© UNICEF 2013/Harry Borden

Para definir a cena. Desde que saímos de Conakry, estamos dirigindo a leste, explorando profundamente as partes mais pobres do país, onde o terreno é árido, queimado e áspero. A estrada é vermelha e empoeirada. Em ambos os lados, a terra está seca e queimada. Estamos indo para o leste, em direção à fronteira com o Mali, que está fechado e é muito perigosa para nós nos aproximarmos por causa da atual instabilidade do país. Nós não iremos tão longe, mas é instrutivo ver as partes mais pobres e remotas do país, já que a desnutrição infantil, a educação e o acesso a água potável estão piores lá fora.
A estrada está cheia de buracos, com valas profundas em cada lado, avançando por sobre o asfalto, como se alguma criatura terrível, de algum mito antigo tivesse dado uma enorme mordida no lado da estrada. É difícil dirigir em alta velocidade, apesar da escassez de outros veículos na estrada. Durante uma hora, você só passeia. Após seis horas, suas costas estão te incomodando e sua cabeça está doendo. Ocasionalmente nós passamos por táxis locais com cada centímetro do espaço é ocupado pelos passageiros. De vez em quando, passa um caminhão de combustível, serpenteando ao passo de um caracol em torno dos buracos espalhados como um campo minado. Eu vim esperando que as condições fossem difíceis - isso apela para o meu espírito de aventura. Eu não tenho sinal no meu celular, eu não tenho outro para estar, eu estou separado do resto do mundo, e tudo que eu tenho são os meus pensamentos e as excelentes conversas da equipe como companhia. Parece que o tempo estagnou. Olhando para o céu abrangente. Mas é claro que o período de resistência é finito para mim. Em uma semana, estarei de volta em Londres, capaz de escolher entre o metrô, um táxi, um carro ou uma bicicleta para correr ao redor em alta velocidade. Para os guineanos locais, esta é a vida. Estas são as condições que eles têm para viver cada dia de suas vidas. Estas são as distâncias que têm de viajar: para obter alimentos, para obter combustível, para lavar a roupa no rio. É um pensamento sério.

Em outras notícias, o meu francês está melhorando. Inevitavelmente, há muitas línguas e dialetos locais, dependendo da região, mas o francês é mais da ordem do dia, especialmente quando há comunicação com as comunidades locais e autoridades médicas. "Il faut parler en français. Vous êtes sur?"(Temos de falar francês. Você tem certeza?), eles dizem. "Oui absolument, je comprends plus que je parle, mais je comprends la plupart des choses."(Absolutamente. Eu entendo mais do que falo, mas eu entendo a maioria das coisas)". Necessidade gera capacidade. Se eu quero entender, eu preciso ouvir. E, além disso, é divertido.

© UNICEF 2013/Harry Borden
Na área falante de língua francesa, eu saí da frigideira e caí no fogo. Na manhã do meu terceiro dia, fomos convidados para ir à estação de rádio rural de Bissikirima, que atende os habitantes da região de Dabola, na Guiné, abrangendo cerca 171.983 pessoas. A rádio de Bissikirima foi fundada e é financiada pela UNICEF, que também fornece equipamentos tecnológicos, mas é composta por figuras de autoridade local, que tem energia e eloquência. Fomos recebidos calorosamente e levados ao estúdio para assistir a uma transmissão ao vivo, l'émission. O entusiasmado DJ recebe os dois convidados na cabine, e entre interlúdios musicais, eles discutem assuntos locais, mas também transmitem informações importantes sobre algumas das principais questões que eu já mencionei: água, saneamento, amamentação, vacinação infantil e educação. De repente, me faz pensar na BBC Radio 4 e no programa Today, ou na NPR nos EUA. O rádio aqui mantém as pessoas informadas, em contato e constantemente.

Fundamentalmente, porém, a comunidade está empenhada no diálogo com ela mesma. As mães que escutam do outro lado do rádio, vivendo nas partes mais remotas do país, não têm idéia de que a UNICEF é filiada ao programa. Eles simplesmente ouvem o seu DJ favorito, que calha de discutir a importância da água e do saneamento, e sobre a manutenção das latrinas locais. O mesmo vale para o menino de 10 anos de idade que parou sua bicicleta perto do rio e está ouvindo através de seu rádio portátil. Talvez ele ouça uma transmissão sobre lavar as mãos. Talvez isso chegue até sua casa.  A UNICEF encontrou uma maneira original de ajudar a comunidade local a estabelecer-se, a ser auto-sustentável e auto-educada. Mas a mão é invisível, assim como quando as vacinas da UNICEF chegam nas aldeias para imunizar os recém-nascidos contra as doenças, sem nenhuma marca nas seringas. As mães, enfermeiros e médicos não sabem de onde as vacinas vêm, mas eles sabem com certeza que elas vêm.

Dez minutos depois da transmissão, há um telefonema na rádio. Qualquer um pode ligar para a linha de apoio, e o DJ e seus colegas estão lá para responder suas perguntas. É uma idéia brilhante. (A Orange, uma empresa de telecomunicações, tem uma enorme presença na Guiné. É a única publicidade que eu vejo em todo o país. Muitos não podem assinar seus próprios nomes, mas todos eles têm um telefone celular.) Momentos depois, sou convidado para entrar na cabine e dizer "olá" para os ouvintes da região de Dabola. Uma coisa é falar o meu há muito esquecido e enferrujado francês ao conversar com um médico do hospital, e outra bem diferente, de repente, é ser abordado por um número incontável de ouvintes locais ao vivo no ar, na minha qualidade de apoiador da UNICEF. Tudo o que posso fazer é agradecer-lhes por me receber, e eu faço uma promessa que vou compartilhar tudo que eu ver e aprender com os meus amigos e colegas, que eu vou espalhar a palavra, e trazer os problemas da Guiné à atenção do Reino Unido e, posteriormente, do mundo. A rádio de Bissikirima é outra ferramenta de comunicação e educação. É mais uma gota no oceano, que pode um dia virar a maré.

Comunicação é a chave. Após a transmissão, sou apresentado a um homem gentil, com uma barba grisalha, vestido de seda cor de malva. Ele é um "comunicador tradicional". Ele veio para nos dizer como transmite mensagens semelhantes para aqueles que talvez não possam ouvir o rádio, nem prestar qualquer atenção aos conselhos dos DPS locais (o diretor médico) ou dos representantes do UNICEF. Ele pergunta se nós gostaríamos de uma demonstração de como ele fala com os membros mais conservadores da comunidade sobre os seus problemas. Eu gostaria muito disso. "Muito bem", ele responde, "é assim que eu falo com os avós sobre as meninas que se cortam". Suas últimas palavras pairavam no ar. Eu não entendo muito bem e tenho de recorrer a Pauline para mais esclarecimentos. Ele vai nos dizer como ele combate a prática continuada de mutilação genital de mulheres jovens. É preciso um momento para compreender isso. Estou profundamente chocado ao ouvir que existe tal prática. Mas ele já está de pé. Ele é um ótimo ator.

"De onde você recebe o poder?" ele direciona a pergunta para seu colega (interpretando um avô). "De onde você recebe o poder para dizer aos jovens o que fazer com seus corpos? Você quer que suas filhas passem o resto de suas vidas sentindo dor? Você quer que suas filhas passem a vida chorando à noite? E você quer filhas de suas filhas também passem as noites chorando de vergonha? "

Noventa e cinco por cento das mulheres na Guiné são vítimas de mutilação genital. A prática é esmagadoramente  comum. Ainda mais chocante é o fato de que isso é habitualmente realizado em mulheres mais jovens por mulheres mais velhas. É um rito de passagem da infância para a idade adulta: um ritual que deve preparar uma mulher com uma capacidade de suportar a dor, uma lição, um sinal de que a dor é algo constante, e que não se deve ceder a ela.

5 comentários:

fabi twh disse...

Essa questão da mutilação genital é um assunto sério que deve ser tratado por todo o mundo. O Tom ficou chocado com esse tipo de prática, más não é de hoje que isso foi exposto ao mundo e ninguém faz nada. Isso fere a integridade da mulher de modo em geral, ofende a moral de todas nós e isso é sério. Como é o caso de uma modelo africana que também passou por isso, é muito triste saber que em pleno século 21 ainda se cultua estas formas primitivas de costumes.
Não é só porque está acontecendo do outro lado do mundo que nós não temos nada a ver, está do outro lado do mundo más também é mundo e todos nós vivemos nele. Algo precisa ser feito e a internet está aí para isso, para que vozes sejam ouvidas, assim como temos que lutar contra a violência aqui também!!!


Parabéns ao Tom por está mostrando realidades que muitos já se esqueceram...

Lilly Laufeyson disse...

O_O cara... muito chocante isso... tentando imaginar a cara do tom ouvindo isso :S

Elainebim disse...

Aprecio a inicitiva do Tom nesta viagem e também agradeço pela tradução feita por vcs. Grata bjs.

Elo disse...

É verdade, este Tom escreve p'ra caramba; e voçês que traduzem, estão dormindo quantas horas por noite para dar conta de tanta tradução? Parabéns!

Que horror saber que esta prática da mutilção ainda existe em peso, eles ainda não evoluíram muito mesmo! o Tom, sensível como é, imagino o que Ele sentiu na hora! bjos a todos!

Midori disse...

absurda essa pratica.

Postar um comentário

Sua visita e seu comentário são muito importantes! Porém, não aceitaremos comentários ofensivos ou de mau gosto.