Entrevista do Tom ao The Shiznit

Bom dia, galera. Quer maneira melhor de começar o dia do que lendo uma entrevista ótima do Tom? Não tem coisa melhor. A entrevista da vez, que o THBR traz para vocês foi publicada pelo The Shiznit (Hein?), hoje cedinho. Então, aproveitem! 

Shiznit: Logisticamente, como foi reunir todo mundo em um filme como este?

Tom: Eu sei o que o Kevin [Feige, produtor da Marvel] diria. Ele diria "que foi um risco calculado" ou "um risco altamente calculado" e eu tiro meu chapéu para ele, porque na verdade ele é muito corajoso sobre o elenco e ele está disposto a ser muito aberto de uma forma que muitos estúdios de Hollywood não são, quando se trata de colocar as pessoas certas para os personagens. Eu também acho que quando ele veio para Os Vingadores, foi mais fácil do que possa ter parecido, porque todo mundo queria fazer isso.

E a coisa toda foi colocada em movimento pelo brilhante sucesso de Homem de Ferro e pelo desempenho do Robert Downey Jr no mesmo. Foi realmente quando o Homem de Ferro decolou e se tornou esse sucesso que a Marvel comecou a acreditar que podiam fazer Os Vingadores. E por causa do Robert Downey Jr que todos nós queríamos ser uma parte disso. Quero dizer, ele mudou o gênero. Mark Ruffalo queria interpretar o Hulk por causa do que Robert tinha feito com Tony Stark, e Chris e eu queríamos estar em Thor por causa do que o Homem de Ferro foi. E na verdade eu sei que é uma grande parte da razão pela qual Kenneth Branagh aceitou dirigir o filme - porque ele tinha visto o que tinham feito com o Iron Man e Marvel realmente se anunciou como um estúdio que estava sendo muito criativo de uma forma muito profissional. 

Shiznit: Loki não é um típico vilão do mal - é fácil sentir pena dele. Como você se aproximou, trazendo isso para o papel?

Tom: Eu comecei a construir o personagem com Kennth Branagh em Thor e nos aproximamos da caracterização da mesma forma - você tem que começar de algum lugar com a compaixão, na medida em que, não importa o quão más, mal orientadas e iludidas as escolhas de um personagem são, em sua própria mente, ele é o herói da sua história. E isso é a verdade de todos - nós somos os protagonistas nas versões cinematográficas das nossas vidas. E a parte que me excita, sobre o trabalho de interpretar é que é uma exploração da natureza humana - não há um elemento psicológico. A parte que eu amo é que você está estendendo o seu entendimento do ser humano e examinando verdades que não pertencem a você. E se você olhar para os vilões da história humana, muitas vezes eles foram motivados por danos emocionais. 

Assim, foi realmente interessante o ponto para começar com Loki - ele era alguém que foi criado como um príncipe em uma família real com a expectativa de que um dia ele seria um rei. E no decorrer do filme, ele aprendeu que toda a narrativa de sua vida é uma mentira, que ele era realmente o filho ilegítimo de um monstro, deixado para morrer no frio, adotado e depois enganado. Então ele é essencialmente uma alma danificada cujo desgosto endurecido se torna uma ameaça e você vê uma megalomania, uma vaidade, uma arrogância e um orgulho - que, espero, é porque você não pode odiá-lo completamente porque debaixo de todas as vilanias, ele é uma alma danificada.

Shiznit: Em que ponto você sabia que seria o vilão em Os Vingadores? Foi antes de começarem as filmagens de Thor?

Tom: Bem, eu sabia que se eu fosse lixo em Thor, eu não seria permitido em qualquer lugar perto de Os Vingadores. Na verdade, quando eu finalmente consegui o trabalho em Thor, eu fui e sentei-me no escritório do Kevin e era apenas para dizer oi e para ele dizer parabéns e apertar minha mão e para iniciar o processo. E eu estava tão cheio de Thor e do mundo do Thor e do que estávamos prestes a fazer, e então Kevin disse: "Podemos falar sobre Os Vingadores?" e eu disse "O que é isso?" e ele disse "Bem, é essa idéia que temos - nós vamos fazer Thor e depois vamos fazer o Capitão América e, então espero que nós vamos começar a fazer Os Vingadores, que é quando todos esses super-heróis se reúnem" e eu pensei "Isso é um sonho extraordinário". E ele disse: "Bem, você sabe o que acontece é que, na primeira edição da revista Os Vingadores que foi publicada em 1963, Loki foi o vilão... E eu acho que poderia ser interessante para replicar isso". E ele estava realmente animado sobre o Loki e acho que, em sua mente, ele estava pensando à frente, porque esse é o tipo de produtor que ele é.

Shiznit: Mas ele não chegou a pedir para estar nele naquele momento?

Tom: Bem que esse foi o jeito dele de me pedir, eu acho. Mas, na minha própria mente eu sabia que Thor era uma grande empresa em seu próprio direito, então eu não ia me atormentar com a pressão de "Oh meu deus, eu vou fazer Os Vingadores!" até que tivesse feito Thor. 

Shiznit: Houve uma diferença na forma como você aproximou o Loki para Os Vingadores, sob a ótica de um diretor diferente, em comparação com Thor?

Tom: Sabe, não há. Porque o Joss era um grande fã do que Kenneth e eu fizemos em Thor e ele também sabia que o arco do personagem em Os Vingadores não poderia ser tão pungente porque os Vingadores têm que ter uma razão para se reunir. E o que é bonito sobre filmes de super-heróis é que eles são dramas de resgate e os bons tem que ganhar porque é isso que nos faz sentir bem. E para que eles para ganhar da maneira mais satisfatória, você tem que ter uma ameaça e um desafio para eles para vencer, e em Os Vingadores, Loki é o desafio. Então eu tive que aceitar todo o trabalho que fiz em Thor e toda a mágoa e em seguida, entregar-me aos elementos destrutivos mais do que ao caráter. 

Shiznit: Mas há também muito humor no personagem Loki também. Foi divertido de intepretar isso no set, em frente ao resto dos Vingadores?

Tom: Sim. Foi a vez da minha vida, na verdade. Porque eles são atores por quem eu tenho muito respeito, bem antes de eu me tornar ator, quando eu era apenas alguém que ia muito ao cinema. E me emociona sentar em uma audiência e ouvir as pessoas rirem com o Loki.

 Shiznit: Há uma cena no filme em que o Loki tenta comandar um grupo de humanos e ele começa a soar como um ditador fascista. Você estava deliberadamente fazendo essa comparação, enquanto estava filmando isso?

Tom: Eu acho que o Joss estava. Ele é um homem muito inteligente. Ele é fascinado pelas diferentes complexidades dos seres humanos. E é verdade - como seres humanos nós achamos reconfortante sermos liderados. É por isso que estamos tão inspirados por novos líderes políticos que parecem possuir a auto-confiança que nos tranqüiliza. Então, Loki está jogando em uma idéia. Às vezes, sermos conduzidos e estarmos unidos por líderes que podem ser uma causa de grande bem, mas muitas vezes podem ser um motivo de grande mal.

A Segunda Guerra Mundial é um bom exemplo: Winston Churchill foi um líder extraordinário, as pessoas descobriram que era reconfortante segui-lo e ser governado por seus instintos e ele salvou o mundo em muitos aspectos. E Adolf Hitler tinha o mesmo carisma e ele apelou para a mesma sensibilidade, mas completamente manipulando o instinto. Não há certezas sobre a natureza humana, mas às vezes há uma mentalidade de rebanho - as pessoas gostam de seguir e algumas pessoas gostam de conduzir tudo e o que Loki está dizendo é " a verdade não dita da humanidade que você almeja subjugação".

Shiznit: Enquanto você estava filmando, você teve que usar roupas muito elaboradas com capacetes grandes e chifres. Quando você estava usando isso em conjunto, o quão feliz você estava ... que Mark Ruffalo teve que usar um traje ainda mais tolo do que você?

Tom: (Risos) Foi tolo, mas mais leve. Não, você sabe, todos nós tivemos momentos de constrangimento com os nossos guarda-roupas...

Shiznit: Será que isso ajudou a manter os egos no lugar?

Tom: Bem, não havia espaço para egos no set -  o que é engraçado nisso é que todo mundo pergunta. Não houve lugar para um ego em um filme desse tamanho, porque todo mundo queria que fosse tão brilhante que exigiu o empenho e o profissionalismo de cada pessoa. E além de tudo, é um filme sobre uma equipe! E seria tão irônico se nós estivéssemos tentando fazer este filme sobre como as conquistas da equipe são maiores do que as realizações do indivíduo e havia um monte de pessoas jogando seus brinquedos para fora do carrinho e se comportando como divas.

Mas, voltando à história do guarda-roupa, era muito engraçado. Houve um momento quando eu vi Chris Hemsworth está sendo perfurado em seu traje porque um dos discos em seu peitoral tinha caído e eles literalmente tinham que pegar uma furadeira e broca-lo em seu peito. E Mark Ruffalo que é um grande ator clássico de sua geração foi reduzido a um tabuleiro de damas, vestindo um macacão preto e branco usado na captura de movimento e, sabe, Chris Evans e Scarlett levantando a bandeira dos trajes de spandex. E então lá fui eu com meu traje Rock Of Ages, minha roupa de jogos de arena. Foi absolutamente louco.

Shiznit: Eu li o seu artigo no The Guardian sobre o respeito pelos filmes de super-heróis e como Christopher Reeve era menosprezado pelos seus pares quando assumiu o papel de Superman - você já teve alguma experiência semelhante com outros atores desde que apareceu em Thor?  

Tom: Não, eu não tive, porque na verdade eu acho que há um respeito muito mais atual para o quanto de trabalho que leva para fazer um filme como este, mas de algumas pessoas que nunca fizeram isso e nunca realmente experimentaram os desafios que vêm com fazer uma filme deste tamanho, e a resistência e compromisso exigido, houveram momentos interessantes de presunção. 

Shiznit: Presunção de que é fácil?

Tom: Sim, isso é fácil ou que estamos de alguma forma brincando em filmes de super-heróis, como se fosse uma coisa ignóbil a ver com a sua formação, por assim dizer.  

Shiznit: Como você reage a isso?

Tom: Eu tento reagir com decoro! Eu só tenho que deixar isso ser como água nas costas de um pato. Houve um caso em que eu fui marginalmente insultado por alguém que rejeitou Thor como um pedaço de entretenimento leve e ridículo. Como se de alguma forma, não foi considerado "bom trabalho" para um ator jovem. Mas essa pessoa em particular nunca havia tentado nada nessa escala e eu tive a dizer para mim mesmo "ele não sabe - está tudo bem".

Shiznit: Mas há algo de errado com entretenimento em leve de qualquer maneira?

Tom: Não - absolutamente não. As pessoas adoram escapismo e deve haver um lugar para ele. Parte da razão das crianças adorarem filmes de super-heróis, e parte da razão que eu amava quando era criança, é que a fantasia só apela à sua imaginação e todo o ponto de ter imaginação é que você pode escapar de dentro dela e é isso que o cinema ainda é. Portanto, absolutamente - entretenimento em primeiro lugar, e se você tiver sorte de fazer uma obra de arte ao mesmo tempo, isso é bom. 

Shiznit: Para onde você vai agora? Primeiro Thor e Os Vingadores - ambos filmes de enorme escala -  você quer fazer algo mais íntimo agora? 

Tom: Isso é realmente o que estou prestes a fazer. Estou prestes a trabalhar em um filme de Jim Jarmusch. É uma história de amor chamada Only Lovers Left Alive e é uma pequena peça íntima sobre a natureza do amor. É sobre um homem e uma mulher e toda a ternura e a complexidade desse relacionamento. Tilda Swinton e eu vamos intepretar amantes no filme ... E o diferencial é que eles são vampiros. (Risos)