A idolatria que vira obsessão...

Há anos que o fandom do ator Tom Hiddleston vem lidando com um assunto muitíssimo delicado: o carinho excessivo, e por vezes desrespeitoso que alguns fãs demonstram para com seu ídolo. Seu perfil em uma rede social chegou a ser hackeado, fãs se passaram por profissionais do cinema e teatro para enganar Hiddleston e por aí vai.

O caso mais recente do que chamamos de invasão de privacidade (sim, em termos jurídico-criminais) aconteceu durante a septuagésima performance da peça Coriolanus na Donmar Warehouse. Como foi divulgado por pessoas presentes no local, o também ator e colega de Hiddleston, Benedict Cumberbatch tinha de fato ido ao teatro para apoiar e prestigiar Tom, Mark Gatiss e Alfred Enoch. O casal Martin Freeman e Amanda Abbington estava lá também.

Como é costume após o término de peças, muitas pessoas aguardavam do lado de fora da Donmar na esperança de conseguir uma foto ou autógrafo dos atores.  Porém, depois de um período satisfazendo aos pedidos dos fãs, Hiddleston deixou de fazê-lo. Especialmente considerando que nos últimos tempos, alguns fãs estavam empurrando e empurrando e sendo certo desrespeitosos com os outros e com o elenco da peça.  A equipe de  segurança do lugar passou a sair todas as noites para dizer aos que aguardavam para dispersar, pois não haveriam autógrafos para serem assinados e nem fotos para serem tiradas. Porém, como sempre acontece, existem aqueles que não respeitam tampouco a privacidade alheia quanto as leis de seus países.

Alguns fãs consideraram que era uma ótima idéia correr aos fundos da Donmar Warehouse e esperar por Hiddleston ali, até que ele saísse pela porta dos fundos. Dando infinitas provas de sua gentileza e boas maneiras, Hiddleston pediu a todos via Twitter para serem gentis com os funcionários e para  realmente irem embora quando fosse pedido. 

Uma fã em questão chegou a indagar o porque, e Hiddleston respondeu que tudo que ele queria era ir para casa e dormir depois da noite de número 70. De qualquer forma, Cumberbatch foi flagrado no local e muitos fãs esperavam do lado de fora para ele e Tom deixarem o teatro. A equipe de segurança novamente interveio, dizendo que todos poderiam ir embora, o que não foi feito. Quando por fim Hiddleston e Cumberbatch deixaram a Donmar cercados por seguranças, uma enorme parcela das pessoas correu pela rua, perseguindo os atores até um restaurante onde encontraram refúgio.

Esse incidente desagradabilíssimo aconteceu na noite do dia 10 de fevereiro, e na manhã seguinte, a revista Time Out em Londres publicou um artigo onde o próprio Tom afirmou que às vezes não consegue andar em torno de sua vizinhança sem que as pessoas o persigam e fiquem pedindo para tirar fotos com ele enquanto ele está em uma loja. Pode-se acrescentar à lista as reclamações de autodenominados fãs, que protestavam contra o fato de que Hiddleston não agradeceu os milhões de tweets e mensagens enviadas no dia do seu aniversário.

Venhamos e convenhamos que, ser fã de um ator, de uma obra, de um assunto, é algo maravilhoso e estimulante. Mas não é a primeira vez que Hiddleston se vê acossado e encurralado por aqueles que se dizem seus fãs. E desta vez, a testemunha ocular foi Benedict Cumberbatch, que também se vê às voltas com aqueles que transformaram a idolatria saudável em obsessão doentia. Vale lembrar da figura do cantor John Lennon, cujo fim trágico nas mãos de um suposto admirador é conhecido no mundo todo. Será que é um ato terrível e mortal como esse que é preciso para conscientizar as pessoas que homens como Hiddleston e Cumberbatch também são seres humanos e precisam ter seus direitos respeitados? Fica aí a nossa pergunta...