Embaixador do UNICEF Tom Hiddleston retorna ao Sudão do Sul, enquanto o brutal conflito entra no seu quarto ano
O Embaixador do UNICEF Tom Hiddleston viajou ao Sudão do Sul na semana passada para ver como a brutal guerra civil continua a destruir as vidas de um grande número de crianças em todo o país.
Dezembro marcará três anos do conflito no Sudão do Sul. Em sua segunda visita desde fevereiro de 2015, Hiddleston viu como as condições continuam tão frágeis e severas como antes. O agravamento da situação de segurança, o colapso econômico, a colheita reduzida e um surto de cólera têm contribuído para uma grave crise nutricional infantil, especialmente em áreas que enfrentam novos combates e deslocamento. Mais de 170.000 crianças foram tratadas por desnutrição só em 2016.
“Todas as pessoas que eu conheci viveram eventos traumáticos que ninguém - muito menos uma criança - deveria ter que passar”, disse o embaixador do UNICEF Tom Hiddleston.
“É de partir o coração ver que, depois de três anos, crianças inocentes ainda são as mais atingidas pelo conflito. A realidade física é que, quando o combate começa, todo mundo corre em direções diferentes. As crianças são separadas de suas famílias - de suas mães, suas tias, seus irmãos, das pessoas que estão cuidando delas - e se tornam imediatamente vulneráveis ao abuso psicológico e físico, à fome e ao recrutamento forçado como crianças-soldado”.
Hiddleston viajou ao norte do Sudão do Sul para um acampamento de desabrigados em Bentiu, onde encontrou crianças que escaparam de violência, recrutamento e abuso. Em Bentiu, ele conheceu dois irmãos que foram separados de sua mãe quando os combates iniciaram no país, em dezembro de 2013. Os meninos tiveram de viver com um vizinho em seu abrigo nos últimos três anos. O programa de rastreamento e reunificação familiar do UNICEF conseguiu localizar a mãe dos meninos, e eles se reencontrarão com ela em breve.
“Eu vi coisas no Sudão do Sul que ficarão comigo para sempre. É o país mais jovem do mundo, um país que deveria ter tantas expectativas, mas as condições em que esses dois meninos têm de viver - num lugar ainda dilacerado pela guerra civil - são inimagináveis. Saber que eles irão se reencontrar com sua mãe em breve é, pelo menos, um sinal de esperança na imensa luta do povo do Sudão do Sul”, disse Hiddleston.
Hiddleston testemunhou em primeira mão como o UNICEF está alcançando as famílias que vivem no maior acampamento de desabrigados do país, lar de 108.000 pessoas, com alimento e água, serviços de proteção à criança e assistência médica. Muitas das crianças que ele conheceu vivem no acampamento desde o início do conflito. O UNICEF estima que há atualmente mais de 860.000 crianças psicologicamente desamparadas por todo o Sudão do Sul.
Desde o início da guerra civil em dezembro de 2013, mais de 14.000 crianças desacompanhadas, separadas e desaparecidas foram identificados em todo o país. Dessas, 4.484 crianças foram reunidas com suas famílias com sucesso por meio do programa de rastreamento e reunificação familiar do UNICEF.
Há algumas semanas, 145 crianças foram libertadas por grupos armados no Sudão do Sul. Esta é a segunda maior libertação de crianças desde 2015, quando 1.775 crianças foram postas em liberdade na Área Administrativa da Grande Pibor. Estima-se que 17.000 crianças foram recrutadas como soldados desde 2013.
Desde dezembro de 2013, cerca de 3 milhões de sul sudaneses fugiram de suas casas e foram internamente deslocados ou buscaram refúgio em países vizinhos. Isto inclui um número estimado de 1 milhão de crianças declaradas como internamente deslocadas, bem como meio milhão de crianças refugiadas.
O UNICEF está trabalhando para proteger as crianças do Sudão do Sul, distribuindo alimento, água potável e vacinas, bem como proporcionando educação e apoio psicológico. No entanto, a ajuda humanitária por si só não consegue acompanhar as enormes necessidades de algumas das crianças mais desfavorecidas do mundo.